04 fevereiro 2013

Fui uma ave de asa ferida. Durante muito tempo sobrevoei as minhas palavras e manchei-as de sangue. Quis esconder a cabeça debaixo da asa, fingir abrigar-me no quente do familiar, ignorar  o que poderiam dizer de mim. 
Dizem que as aves têm o coração pequeno. Mas como será isso possível se elas têm o bem mais precioso? 
Liberdade. Asas. Partir sem justificar.
Tantas vezes o desejo, apenas uma mochila às costas e uma boa dose de confiança. Tirar as botas da prateleira, sorrir-lhes e saber que o futuro me espera. Chamo-lhes de utopias, episódios pelos quais todos se deviam deixar levar. 
Sonhos que tenho por concretizar. Perder o rumo, o norte à vida. 
Deixar as chaves à janela. 
Na verdade, elas não abrem portas. Abrem o que nós queremos que abram.

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